O desconforto patelofemoral é sentido na região frontal do joelho ou por uma sensação profunda e difusa. Tipicamente, agrava-se durante movimentos de agachamento, subidas ou descidas de terrenos inclinados, ou escadas e nos exercícios de pernas na academia. Também é comum piorar ao permanecer com o joelho em uma posição fixa por muito tempo, como durante viagens de carro ou avião. Uma avaliação física do joelho por um ortopedista especialista em joelho é fundamental para distinguir entre diferentes tipos de desconforto.
A principal origem do desconforto patelofemoral é uma sobrecarga na articulação, ocorrendo quando a intensidade das atividades não está alinhada com o equilíbrio adequado dos músculos das pernas, quadris e tronco. São consideradas atividades esportivas de risco aquelas que envolvem posição de joelhos fletidos, como saltos e agachamentos.
Alguns formatos de joelho, como o joelho em formato “X”, patela alta, tróclea femoral rasa e alterações rotacionais, podem aumentar a predisposição.
Com o tempo, a sobrecarga na articulação patelofemoral pode resultar em lesões da cartilagem articular, as quais podem ser identificadas por meio de exames complementares de imagem, como ressonância magnética.
O tratamento para o desconforto patelofemoral baseia-se na redução da sobrecarga por meio de fortalecimento muscular, alongamentos, treinamento esportivo, tratamento de movimentos predisponentes e, quando necessário, abordagem específica para as lesões associadas. Medicamentos orais ou intra-articulares podem ser usados para controlar os sintomas, sempre complementando a reabilitação.
Tendinopatia Patelar
A tendinopatia patelar, também conhecida como joelho do saltador, é uma lesão por sobrecarga no tendão patelar.
Esta lesão é mais prevalente em praticantes de atividade física. Entre os fatores que contribuem para a sobrecarga estão predisposição genética, atividades com impacto intenso, saltos, esforço com joelho em flexão e falta de equilíbrio muscular entre o fortalecimento muscular e alongamento adequado em coxas, quadris, abdômen e tronco.
O principal sintoma é dor na região inferior da patela, no próprio tendão, inicialmente durante ou após atividades intensas, podendo progredir para dor durante atividades cotidianas leves.
O diagnóstico pode ser estabelecido por avaliação médica e exame clínico, confirmado por exames complementares. A avaliação de fatores predisponentes, como alterações anatômicas no joelho ou biomecânica dos movimentos esportivos, é crucial, especialmente em casos de recuperação desafiadora.
O tratamento inicial envolve repouso relativo, com redução temporária ou limitação das atividades desencadeadoras, e reabilitação com exercícios de fortalecimento excêntrico e alongamentos.
Em casos em que a reabilitação não é bem-sucedida, opções como injeções de medicamentos, terapia de ondas de choque ou cirurgia podem ser consideradas. No entanto, mesmo após falha do tratamento inicial, uma tentativa mais intensiva de reabilitação pode ser bem-sucedida.
Condromalácia Patelar
A sobrecarga mecânica na articulação patelofemoral pode resultar em lesões na cartilagem da patela, conhecida como condromalácia patelar ou condropatia patelar.
Os fatores predisponentes para a condropatia patelar são semelhantes aos da dor patelofemoral: atividades esportivas com joelho fletido, saltos, agachamentos e músculos insuficientemente fortalecidos, além de formatos de joelho propensos a riscos (joelho em “X”, patela alta, tróclea femoral rasa).
A condropatia patelar pode resultar em dor, inchaço no joelho e sensação de crepitação na frente do joelho.
A ressonância magnética é o principal método de avaliação para lesões de cartilagem atualmente, sendo crucial para avaliar o tamanho e profundidade da lesão. Além disso, radiografias podem ser utilizadas para avaliar o alinhamento e formato do joelho.
O tratamento prioritário envolve reabilitação para evitar sobrecarga na articulação, com exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e ajustes nas atividades que possam estar causando sobrecarga. Para aliviar os sintomas da inflamação em casos mais intensos, medicamentos sistêmicos ou injetáveis no joelho podem ser considerados.
Tratamentos cirúrgicos para lesões na cartilagem patelar não são comuns. São considerados somente em casos de falha do tratamento não cirúrgico, lesões extensas com sintomas significativos, especialmente se houver sintomas mecânicos como travamento, e em casos de lesões associadas que também demandem cirurgia, como instabilidade patelar recorrente ou lesões ligamentares. Fratura por Sobrecarga. Os ossos podem sofrer lesões por sobrecarga relacionadas à prática esportiva, conhecidas como fraturas por estresse. Diferentemente das fraturas traumáticas, essas lesões ocorrem ao longo do tempo, quando o processo de reparo ósseo não é suficiente para superar a fadiga mecânica.
Não necessariamente, há uma fratura completa; pode ocorrer apenas uma “trinca” (fratura sem desvio) ou uma reação de estresse. Com a progressão, a fratura pode tornar-se completa e desviada.
O sintoma predominante é dor óssea no local da lesão, inicialmente durante atividades mais intensas, progredindo para dor intensa mesmo com esforços leves no dia a dia. As fraturas de estresse são mais comuns nos ossos dos pés e na tíbia.
Fatores predisponentes, como aumento rápido no volume de atividade física, especialmente sem um trabalho adequado de fortalecimento muscular, deficiências nutricionais, alterações hormonais ou no ciclo menstrual, e diminuição da massa óssea (osteopenia), devem ser investigados e corrigidos.
O diagnóstico de fraturas por estresse requer avaliação médica, exame físico e investigação de fatores predisponentes, juntamente com exames de imagem complementares. Radiografias simples podem identificar casos mais graves, mas a ressonância magnética é o exame mais sensível e utilizado para essa finalidade.
O tratamento inclui repouso relativo, com redução do volume de atividade
conforme tolerância à dor. Nos casos mais graves, imobilização ou redução de carga com auxílio de muletas pode ser necessária. Assim que possível, inicia-se a reabilitação, com foco no fortalecimento e correção de alterações nos movimentos ou gestos esportivos. A avaliação do calçado e do tipo de superfície esportiva também pode ser indicada.
O tratamento cirúrgico pode ser necessário, como na ausência de melhora com tratamento não cirúrgico, fraturas completas com desvio significativo e fraturas em áreas de risco elevado.
Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
O ligamento cruzado anterior (LCA) é uma estrutura interna do joelho que contribui para a estabilidade, especialmente em movimentos de rotação, aceleração e desaceleração.
A ruptura do LCA ocorre geralmente devido à torção do joelho durante atividades esportivas, especialmente aquelas que envolvem saltos, giros ou pivôs sobre o membro apoiado, como futebol, basquete, vôlei, esqui, futebol americano, rugby, entre outros.
Atletas necessitam frequentemente de intervenção cirúrgica para lesões no LCA, visando o retorno ao mesmo nível de atividade esportiva. Para isso, um programa de reabilitação pós-cirúrgica focado no retorno ao esporte é fundamental.

